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Antes (e não foi o máximo que cheguei de peso aí) |
Demorei pra postar, eu sei, mas foi por uma boa causa! Isso deu trabalho, viu...? Rs..
Sou músico. Sou gaitista. É a minha profissão. É o que mais amo fazer na
vida, mas, nesse momento, queria pedir licença à música para tratar de um
assunto que é tão importante quanto: a saúde. Pois, sem ela, eu não conseguiria
ser tão feliz quanto eu sou hoje em dia.
Eu não era exatamente triste, mas flores não eram. Com 130kg, qualquer
forma de preconceito e fortes palavras vinham de todos os lados, principalmente
da família. Frases como "Nossa, Igor, você está gordo!" "Igor,
tá muito feio assim, emagreça" "Tá engordando, né?"
"Engordou mais, não foi?" "Tá mais fofinho, né?" “Tá
fortinho, né?” não ajudam, não resolvem, pior: elas ATRAPALHAM! Por quê? Aquele
que não está satisfeito com sua saúde/aparência física e não consegue mudar,
normalmente tem um problema de baixa autoestima, aí chega um 'fulano' e fala
frases como essas, que detonam mais ainda a autoestima do cidadão. É,
definitivamente, não é o melhor caminho para incentivar alguém a ter mais saúde
(e, consequentemente, emagrecer).
A pessoa JÁ SABE que engordou, a pessoa JÁ SABE tudo que você vai falar
e se ela não faz é porque existe alguma coisa que a impede de fazer. Algo nela
está momentaneamente fraco ao ponto de ela não conseguir buscar a saúde e/ou o
corpo que deseja, então, ao invés de diminuir ainda mais a autoestima do outro,
façamos diferente, façamos o contrário.
Lembro de um dia na Caueira em que todos foram jogar bola e você foi, sempre jogou
bem. Mas ainda estava bem gordo e saiu mais cedo do jogo não só por cansaço, e
sim por vergonha de não conseguir o que conseguia antes.
(Yuri Côrtes - irmão)
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A única foto que
tenho sem camisa |
Eu comia uma lata de leite moça numa sentada. Comia pão com achocolatado
(isso, achocolatado no pão!) e bastante manteiga pra o chocolate poder colar. Comia
uma pizza grande sozinho, ou seja, comia muito! Lembro de uma vez em que eu fui
ao centro a fim de comprar cordas de violão. Rodei as lojas, encontrei o que eu
queria e, no fim da tarde, voltei pra casa a pé. Mais ou menos 3km. Pra quê?
Pra comprar uma Coca-Cola de 2L e voltar tomando no caminho. Voltei caminhando
apenas pra ter tempo de tomar o refrigerante. Loucura, né?
Sofri muito bullying (na época nem tinha esse nome) porque eu estava...
GORDO! Ofende sim, há aqueles que mandam pra casa do chapéu (como dizia meu
amigo e professor de música Saulo Ferreira) e se ofendem menos, mas também há
aqueles que ficam mais ofendidos ao ponto deixarem que sua autoestima baixe
mais ainda. Eu era da galera da segunda opção. Fora isso tudo, ainda teve o
falecimento do meu pai, quando eu tinha apenas 14 anos.
Para contar minha história, pedi depoimentos e/ou lembranças de algumas
pessoas que acompanharam esse processo. Um dos depoimentos que peguei foi da
minha primeira namorada, Regina Xavier.
“Bom, tive um relacionamento de 5 anos com uma
pessoa legal, era feliz, mas eu era ‘a namorada do gordinho’. Apesar de ter
sempre mantido meu peso, passei anos ouvindo os questionamentos das pessoas por
ter escolhido uma pessoa obesa ao invés de um rapaz magro, já que sempre fui
esportista e mantinha dieta regrada. Como vocês transam? O que você viu nele?
As pessoas realmente enxergam apenas a aparência. E eu fui criticada e motivo
de piadas que passei anos fingindo não ouvir. O mais triste de tudo não eram as
críticas à aparência do meu namorado, era saber que a pessoa que eu amava
estava destruindo a própria saúde e deixando de viver momentos comigo por conta
do peso.”
(Regina Xavier)
Eu nunca soube disso. Fiquei até emocionado quando li o depoimento de
Regina. Não sei nem o que colocar aqui. Passo a bola e deixo a critério de
vocês, leitores, tirar suas próprias conclusões. Só posso agradecer a Regina
por não me dizer isso na época.
Ao ler esse depoimento, lembrei-me de um livro que estou lendo, O gato malhado e a andorinha sinhá, de
Jorge Amado. Tem uma trova de Estêvão da Escuna que foi o que inspirou Jorge a
escrever esse livro:
O mundo só vai prestar
para nele se viver
no dia em que a gente ver
um gato maltês casar
com uma alegre andorinha
saindo os dois a voar
o noivo e sua noivinha
dom gato e dona andorinha.
(Estêvão da Escuna)
Conversando com minha prima Betinha, lembramos que eu mentia. Mentia pra me
enganar e enganar os outros, tentando abafar a minha falta de autoestima. Eu
acreditava na própria mentira. Eu chegava pra alguém, por exemplo, e dizia
“Corri 5km ontem!”. Que nada! Eu não aguentava nem correr 100m, todo mundo
sabia disso, imagina 5km. Mas eu queria poder correr tanto. As pessoas que
conviviam comigo, primos e amigos, eram todas atléticas, eu era o único que
não, e a pressão era muito grande. Eu acabava mentindo pra “acompanhar” a
galera.
Fui levantando a autoestima aos poucos e, ao longo do tempo, comecei a
pensar Pera... porque eu vou mentir que
corri os 5km, se eu posso treinar até correr os 5 km?
Porque hoje não tenho medo de falar isso? Porque hoje eu sou muito seguro de mim nesse ponto e porque era a mentira vinha da fraqueza,
vinha da baixa autoestima. Não gosto de mentiras, sei o quanto a pessoa que
mente se prejudica principalmente e prejudica quem está ao redor. Se tenho medo
de ser julgado por falar isso? Não, fique à vontade. Hoje eu sei que em alguns
momentos acabamos pregando peças na gente para não ter que ir pra rua, suar e
passar por todas as dificuldades até chegar nos 5km de corrida. Cuidado! Fique
de olho! Isso é autossabotagem! Existem inúmeras formas de sabotar a si, e
essa foi a minha.
Tentei várias formas de emagrecer, dietas doidas, shakes, dieta da proteína, da sopa, do vento, de tudo. Elas até me
faziam perder alguns quilos, mas, em algum momento, eu ganhava tudo novamente
ou, pior, ganhava até mais. Ganhei cada vez mais, até chegar nos 130kg. Fui à
nutricionistas e só não digo que ''joguei dinheiro fora'' porque tudo isso fez
parte da busca para vencer, mas as consultas não adiantaram. Eu ainda não
estava verdadeiramente decidido, eu queria um milagre, queria alguma forma de
não precisar vencer barreiras psicológicas, queria um caminho em que sofresse
um tempo (ou não sofresse!) com fome, emagrecesse e pronto! Mas desse jeito
nunca ia dar certo. E não deu, durante anos.
Eu era completamente sedentário, sequer fazia caminhada. Tentava
academia às vezes, mas um mês foi o máximo que consegui ficar em uma, mesmo
assim faltando bastante. Por quê? Ah... porque eu não tinha a vontade
internalizada ainda, ainda não era de
dentro pra fora.
Eu queria estar bonita pra ele e pra mim mesma,
mas não entendia porque ele não fazia o mesmo. Ele poderia continuar acima do
peso, mas um dia me perguntei o porquê de ele não tentar e isso me deixou muito
triste. O tempo passou e alguma coisa foi o gatilho para o que eu tinha sonhado
viver. Ele emagreceu aos poucos, mudou a alimentação, se sacrificou e deixou de
ser o gordinho criticado pelos conhecidos e olhado de lado pelos estranhos
quando estava ao meu lado. Não fiz parte desse processo, mas participei de uma
fase difícil, talvez ele tenha tentado e eu não vi, mas participei da parte
mais "pesada" desse processo de transformação.
(Regina Xavier)
Disso eu lembro. Eu lembro que entrava no shopping com Regina (íamos
muito lá) e os seguranças passavam rádios entre eles: “Olha aquele gordinho com
a morena. Ali deve ser rico e corno”. Eu ficava morrendo de vergonha, mas
fingia que não tinha acontecido nada.
Uns anos antes, uma tendinite no braço direito que me impedia de, às
vezes, até levantar um copo vazio tamanha a dor que eu sentia. Depois de um
tempo, eu consegui melhorar o braço, aí comecei a estudar Flauta Transversal
com o professor João Liberato, que virou meu amigo. Nesse processo de estudar
flauta, João, ao invés de ficar me criticando pelo sobrepeso, começou a me
conscientizar e, assim, levantar a minha autoestima de verdade. Aos poucos, falava
que para que eu pudesse ser o que eu quisesse na vida, o corpo e a mente
precisariam estar preparados, fortes, resistentes. Por que um músico, um contador, um engenheiro ou qualquer pessoa
precisa ter menos preparo pra viver? Dizia ele. Uma boa saúde, um bom
preparo físico ajuda bastante no caminhar de qualquer um.
Fui ouvindo as palavras dele, internalizando e pensando: "É... por que
não?". Fui a outra nutricionista, ela passou uns exames rotineiros e eu me
descobri com pressão alta, colesterol, gordura no fígado, enfim, vários
problemas de saúde e pensei: como vou conseguir ser o que quero se eu não tiver
saúde? Nesse dia algumas fichas caíram com a ajuda de João. Outra pessoa
importante na minha vida foi minha ex-namorada, Ana Jéssica, hoje minha amiga. O
fato de ela também me aceitar daquele jeito já levantou minha autoestima de uma
maneira extraordinária. Ela me deu muita força! Mas ainda tinha muito chão e eu
não estava completamente decidido.
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Em Garanhuns (2009) | Não foi o maior peso que cheguei |
O processo havia começado. Foi mais difícil no início, apesar das indicações
da nutricionista, eu ainda estava perdido, nunca havia feito exercício físico,
não sabia como comer nem o que comer, pois os meus hábitos eram completamente
diferentes – o paladar era diferente, eu sequer comia salada e odiava salada e
frutas. Como eu ia comer o que a médica passou se eu não gostava de 70% do que
estava ali prescrito? Eu não podia fazer qualquer exercício físico por causa do
braço. Resolvi tomar shake e ir à
natação. Foi o que eu consegui.
Quando eu comecei a tomar shake,
eu já fui sabendo que, para mim, aquilo não ia funcionar por muito tempo (até porque
eu já tinha tentado isso). Então tomei e, ao mesmo tempo, ia tentando
substituí-lo por uma alimentação melhor. Quando eu não conseguia, shake, quando eu conseguia, maravilha,
mas o objetivo era sempre tirá-lo. Emagreci uns 15 quilos nesse processo. Já
deu pra dar um empurrãozinho na autoestima.
Nesse tempo, resolvi passar 60 dias (ou mais) comendo, sempre que podia,
no Restaurante e Empório Naturista, apesar de não ser vegetariano, pra aprender a comer salada e outras coisas. Isso aconteceu
no período em que eu fazia natação. Às vezes eram duas vezes por dia, mas meu
horário fixo era entre 22h e 00h e só tinha uma academia em que a piscina
ficava disponível nesse horário. Comi saladas e me acostumei com o gosto. Beleza!
A partir daí eu tive um pouco mais de segurança pra tirar os shakes e eles foram saindo, saindo... Às
vezes eu tomava, tinha umas mini recaídas, comia muita besteira, tomava shake um dia ou dois, mas ficou raro;
muito raro; até que sumiram.
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Tocando: Detalhe pro braço, a atadura que
colocavam por causa da tendinite |
Minha mãe descobriu uma academia que aliava musculação (pra saúde e pro
corpo) com fisioterapia (pro meu braço), a Fisioform.
Foi a ligação mais importante em termos de atividade física/saúde da minha
vida. Comecei a malhar lá em onze de maio de 2012. E eu faço questão de citar os
nomes de Alessander Leite, proprietário da academia, fisioterapeuta e educador
físico, e Mínero Júnior, coordenador e educador físico. Principalmente esses
dois me ajudaram e ainda ajudam bastante nessa minha história. Foi com eles que
eu criei uma consciência real e finquei o pé no chão nessa caminhada. Eu pensava: Já tinha
tentado tantas coisas, que não custava nada tentar mais uma. Fiz o que me instruíram
nessa academia e, adivinhem, meu problema do braço sumiu, eu continuei
emagrecendo e fazendo musculação! Depois de uns anos, fazer musculação começou
a ficar chato, mas a música me ensinou o poder da disciplina, então mesmo às
vezes sendo chato eu ia, pois eu tinha uma motivação que era MUITO maior do que
o quão chato era aquilo.
Durante a avaliação eu percebi que você estava insatisfeito
com essa condição de estar obeso, precisava provar mais do que pros outros,
precisava provar pra si mesmo que você poderia entrar em forma e ter uma visão
de saúde. Então, claro que sempre te apoiamos e eu sempre imaginei que você
conseguiria sem a intervenção cirúrgica.
(Mínero
Júnior)
Lembro bem que eu tinha medo de machucar o braço e procurava Alessander
direto pra falar Cara, tá doendo!. Ele
dizia: É assim mesmo, vá fazer
musculação, tem que fortalecer, só vai fortalecendo de verdade, vá pegar peso
nesse braço! E eu ia. Resolvi confiar 100% em como me instruíam e fiz o que
era necessário. Tinha dias em que doía tanto que eu ficava com raiva, chegava a
duvidar. E aí vinha o pensamento: Não! Eu
vou até conseguir, confio no trabalho dele. E deu certo!
“Logo que você entrou, quando estava com a
tendinite, lembro que tinha bastante dificuldade de evoluir as cargas. Você
tinha medo de se machucar. Eu explicava que era importante ganhar o
fortalecimento justamente pra poder vencer a tendinite, assim como evoluir no
quadro geral, aumentar musculatura e reduzir gordura.”
(Alessander Leite)
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Aí a tendinite estava numa fase melhor... |
Demorei um bom tempo pra entender que era importante pegar pesado pra
desenvolver a musculatura. Esse “pegar pesado”, como disse Alessander, acaba
tornando a gente uma bomba de gasto energético e isso precisa ser reposto com
uma alimentação adequada. Apesar dele conversar comigo várias vezes, ainda
tinha o medo de engordar, as inseguranças, etc. Eram quantidades erradas, nos
horários errados, às vezes quantidades acima, às vezes abaixo do que precisava
para desenvolver.
Vários instrutores nesta academia me ajudaram bastante. Lá, fui
instruído para não subir na balança o tempo todo, pois isso causa ansiedade, e assim
eu fiz. Escorreguei na dieta várias vezes, mas quando acontecia eu pensava: Bom, eu tinha 130kg, estou com 110k,
aumentei pra 112kg, ou seja, eu não engordei 2kg, eu perdi, ao invés de 20kg,
18kg, vou continuar perdendo.
Foi feito o projeto, a ficha, junto com o
fisioterapeuta Alessander e a gente começou o trabalho, mas o que impressionou
mesmo foi sua dedicação, sua força de vontade. Todos os problemas de dores e as
dificuldades de execução da ficha você superou bravamente e sempre atento a
todos os detalhes específicos do treinamento, sempre questionando, ávido por
saber todos pormenores do que seria necessário pro seu emagrecimento. Sempre
ambicioso, no sentido de querer e conseguir, você já projetava sua vitória.
(Mínero
Júnior)
Lembro na época do natal/ano novo de 2013. Comecei a comer, comer, comer
e engordei 10kg ou mais. Fui entrando nessa que nem percebi. É aquela coisa de
se enganar, “ah.. natal, ano novo, vou me dar uma folga”. Quando eu percebi,
estava no caminho de volta, mas retomei a dieta e continuei minha caminhada.
Pra tomar decisões como essa na vida eu entendi que a gente tem que
aprender a dizer não pra si. Pior,
tem que dizer não, ficar com raiva de
você mesmo pelo não, baixar a cabeça
como se estivesse baixando pro não da
mãe ou do pai e não comer besteira. É difícil, mas como qualquer coisa –
acostuma, vira o dia a dia e quando você vê o benefício que isso traz, é aí que
dá um gás mesmo!
Lembro do dia que você escolheu de verdade parar de
comer porcaria. Eu e você já tínhamos tentado isso várias vezes, mas uma vez, sempre
na mesma lanchonete, sentamos na nossa mesa comum e você pediu o sanduíche. Logo
depois cancelou, olhou pra mim e falou:
"não como mais aqui, vamos continuar vindo e só vou pedir
suco". Aquele foi o último dia que comemos juntos lá. Você ia comigo,
tomava suco, mas não comia sanduíche”
(Yuri
Côrtes – irmão)
Quando eu subi na balança que vi, pela primeira vez, descer de 3 dígitos
pra 2, nossa, foi uma alegria sem tamanho!
Lembrei
de uma história. Nessa época eu já tinha perdido uns 30 quilos ou mais. Recebi
um convite para comemorar o natal com a família de Ana Jéssica. Tinha muita
gente e fazia um tempão que eu não ia lá. Teve um amigo secreto, fizeram um
enorme círculo e o tio de Jéssica estava com o microfone chamando as pessoas para
irem lá na frente falar sobre o amigo secreto. Quando fui chamado, saí andando
pelo meio do círculo até chegar do outro lado e o tio dela comenta: Olha o namorado de Jéssica, agora arranjou
um namorado bonito, um galã! Jessica prontamente gritou: É o mesmo. O tio dela ficou morrendo de
vergonha, pediu desculpas e, claro, eu também fiquei com vergonha – situação complicada.
A parte otimista da história é a felicidade pelo elogio, apesar de, no momento,
só querer me enterrar. Hehehe.
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Antes e depois| Hoje em dia com mais massa magra |
Nessa época eu já estava sendo instruído a comer bem, pois o objetivo
era ganho de massa magra. Ainda tinha gordura, claro, muita. O foco era trocar
a gordura por músculo, mas eu não conseguia completamente. Não conseguia comer
muito, mesmo que corretamente, por medo de engordar, medo de voltar ao que era,
então eu malhava pesado e não comia o suficiente, ou seja, ficava com o corpo
fraco. Alessander notava e perguntava Você
está comendo bem? Você está comendo o que?!. Eu falava que estava comendo,
mas que nada... não estava e ele sabia, e eu apenas me enganava. Não adianta,
não tem como se enganar. Mas aí, aos poucos, ele e Júnior iam me instruindo e
eu fui diminuindo esse medo. (Ainda hoje ainda tenho medo, mas cada vez
menos!).
Por causa desse problema de alimentação, não evoluí como deveria. Mas
sempre evoluí, só demorou mais.
Tem uma coisa muito importante: só o corpo não resolve, a mente é o
fator principal. Alessander me apresentou uma frase de Henry Ford um dia desse,
que ela explica muita coisa do que já foi escrito aqui: "Tudo começa na
cabeça. Se você acha que pode , você pode, se você acha que não pode , você não
pode. De qualquer forma você está certo.".
Quando me perguntam Como você
conseguiu?! Como você emagreceu assim!?!? Qual é a receita?! eu sempre
costumo dizer que A receita principal é
você resolver emagrecer de dentro pra fora, não de fora pra dentro. Não
adiantaram as dietas loucas, não adiantaram tantas coisas, pois ainda eram de
fora pra dentro. Minhas motivações sempre foram saúde e corpo. Como Alessander
bem lembrou, o mais importante nesse processo de transformação foi a mudança da
escolha dos alimentos. Quantidades são importantes, mas, se você não escolher
bem o que irá comer, não adianta. É escolher alimentos mais saudáveis não só
porque é necessário, mas porque quer, porque aprendeu a gostar, porque esse se tornou
seu modo de vida. É despertar prazer e amor por esses alimentos. E eu não
conseguiria nada sem a minha mente.
O poder da mente nesse processo é IMPRESSIONANTE. Com o tempo,
Alessander me apresentou o Crossfit e foi inserindo aos poucos exercícios e a
metodologia do Crossfit no meu treino de musculação. Eu ainda não tinha
entendido a filosofia e passava 2 horas, até mais, pra completar um treino, o
que não deu muito certo. Então ele mesclou, melhorou, mas ainda sim demorava.
Aí eu já estava na sede, na secura de fazer Crossfit, apenas esperando ele abrir
o box. E... FINALMENTE ABRIU! CROSSFITAÇÃO! Dia 17/11/14!
Que alegria! Notei que os mesmos tipos de treinos que ele passava pra
mim na Fisioform eu faço no Crossfit. A diferença é que eu faço em até 30
minutos!! A mesma coisa! O que mudou? A mente, pois o corpo era o mesmo. O que
mudou foi que passei a acreditar em mim, passei a acreditar que podia. Volto à
frase do Henry Ford. Você pode, só precisa acreditar que pode.
“Faltava aquele entendimento da filosofia, que
é tentar superar sempre seu desempenho, tentar se melhora a cada dia, fazer o
melhor de si. Não importa o resultado, não importa se o número for maior ou
menor que alguém, o importante é saber se o seu foi o melhor que você podia
fazer.”
(Alessander Leite)
Nesse processo, até então, minha mãe, que sempre me incentivou, saia pra
comprar inhame, macaxeira, batata doce, banana, ovo, frango, carne, sem deixar
faltar nenhum desses itens (confesso que eu até me estressava um pouco quando
faltava.. rs). Taí a pessoa que mais me ajudou e ajuda, meu oráculo, minha melhor amiga, meu tudo!
Eu sempre quis aprender a cozinhar, mas nunca era mais forte do que sair
do conforto e errar, errar, errar, até conseguir. Senti a necessidade de
aprender a cozinhar principalmente pra fazer minha própria comida do treino, mas
depois já cozinhava por diversão. Virou um prazer, um hobby. Até porque, no dia
que eu morar só, como iria manter uma alimentação saudável se eu não soubesse
fazer minha comida? Ou seja, saber cozinha me faz independente nesse sentido.
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Pão integral - 65% integral -
que sempre faço! |
Está aqui no caderno minha primeira receita: Mingau de cremogema. Se tem alguém a que eu tenho que agradecer por
poder cozinhar, são minhas amigas Angélica e Raquel. Elas me ensinaram os primeiros passos da
cozinha com muita paciência e com muito amor, porém Angélica sempre cozinhou
receitas nada lights (risos). A única
forma de aprender era assim, então passei a comer mais 'besteiras' a fim de
aprender a cozinhar, mas no pensamento ficava a ideia de um dia ter o
conhecimento para tomar meu próprio caminho. Logo logo decidi fazer o curso de Auxiliar
de Cozinha e Cozinheiro no SENAC para criar mais independência na cozinha, aprender
as técnicas e modificar as receitas para meus objetivos. Hoje em dia, tenho um
blog culinário, nadagourmet.blogspot.com,
que me ajuda a me manter sempre pesquisando, errando, acertando, etc.
Ao longo do treino eu fui aumentando as cargas de uma forma que eu
fiquei impressionado, pois a carga que eu aumentava na musculação nem se
compara a que eu aumentava no Crossfit, e, o melhor, sem perder a técnica! No
Crossfit notei que eu precisava trabalhar a mente para uma coisa. Apesar de não
me considerar um atleta (espero um dia chegar num nível assim), eu me dedico
bastante, vou com amor, dou o máximo de mim, ou seja, eu já deveria estar
pensando como um atleta, comendo como um atleta, dormindo como um atleta, pois
eu só consegui recuperar minha saúde e melhorar a alimentação, quando eu
comecei a pensar e agir pra que isso tivesse acontecido. Eu só posso um dia
chegar ao nível que quero, ao nível de um atleta, quando eu começar a agir em
todos os sentidos para isso.
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Tocando em 2014 |
Fui a um nutricionista esportivo. Nada melhor do que um
profissional nos direcionando e apontando o que devemos fazer para que nossos
objetivos se concretizem. Com certeza fico mais seguro e já me sinto bem melhor
com as adequações alimentares!
Se eu saio da dieta? Sim. E como saio. Minha válvula de escape para a
ansiedade sempre foi a comida, ou seja, no fim de semana eu sempre como alguma
besteira, às vezes exagero. Comecei a trabalhar a mente pensando que se eu
passo a semana toda comendo certinho, dando o máximo de mim no treino, vou
chegar no fim de semana e ferrar tudo? Não. Não vou parar de comer besteira,
mas também não vou me permitir mais comer como uma fuga. Isso ajuda a manter o
equilíbrio que preciso, mas mesmo assim em épocas de crise o bicho pega. Se eu tenho medo de voltar a não cuidar a minha saúde mais? Não, não tenho medo, já internalizei, já faz parte da minha vida diariamente.
É isso que o Crossfit faz, inspira pessoas a transformar a vida. E a
gente está num momento muito bacana de campanha mundial contra os refrigerantes,
os excessos, a obesidade e o diabetes, que deixam muitas pessoas obesas. O
Crossfit luta pela saúde das pessoas, incentiva as pessoas a melhorar, a buscar
uma alimentação mais saudável.
(Alessander Leite)
Minha luta hoje em dia é para ter um dia de descanso. Fico querendo
correr, fazer sup, treinar nos finais de semana, subir serra, etc... Faço
porque amo, faço porque gosto, dá prazer. Mas a gente tem que dar um descanso
pro corpo se recuperar, então eu me obrigo a descansar ao menos um dia na
semana. Ou seja, estou mais uma vez dizendo não
pra mim. É necessário!
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Treinando Crossfit em 2014 |
Observo que com a metodologia do Crossfit isso aconteceu de forma
natural, levou um tempo, óbvio, mas você foi a cada mês evoluindo, evoluindo...
E se percebe a diferença não só física, mas também mentalmente. Em termos de
preparo físico, hoje você tem o que poucos atletas têm. Óbvio que, às vezes,
acontece de você não acreditar que é capaz de algumas coisas. Eu tento forçar,
mas recuo porque acho que essa pressão deve ser apenas no sentido de incentivo
e de você mesmo se pressionar para melhorar. Então a ideia não é pressionar
para você chegar e desanimar. Aí é que realmente a transformação ficou
definitiva e eu posso dizer que você nunca mais vai conseguir voltar ao que era
antes, porque você realmente agora virou um atleta, não só fisicamente, mas
mentalmente. Isso é, entender que é necessário sempre dar o melhor, não importa
o resultado.
Mais uma prova de que a mente é uma das maiores responsáveis por pregar
peças em nós mesmos, foi quando eu vinha passando por um problemão que não
conseguia resolver de forma nenhuma, muito mais por falta de "amor
próprio" do que por eu realmente não ter como resolver. Comecei a dormir
mal novamente, me alimentar mal, acho que só não engordei porque o Crossfit é
realmente magnífico, rsss... Treinando numa quinta-feira, com a cabeça em outro
canto, preocupado, ansioso, apreensivo e por causa do problema, eu estava
fazendo um exercício que exigia atenção – o Snatch.
Acabei me machucando unicamente por culpa da minha desatenção. Eram 14h. Sentei
no chão com vontade de chorar, mas mais por uma questão de desabafo, chateação
comigo. Me levantei decidido: Vou
resolver isso agora!. Pra não ser impulsivo, dei uma volta na praia
enquanto botava gelo na testa. Respirei, meditei e, enfim, fui resolver o
problema. Resolvi, tomei coragem, depois relaxei e pensei: Vou fazer esse treino... e é HOJE! Como no Crossfit os treinos não
se repetem, aquele mesmo dia era a minha ÚNICA chance de fazer o que não tinha
conseguido, de provar pra mim que eu conseguiria, que eu era capaz, que eu
podia vencer isso!
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Abdominal "Sit Up" no Crossfitação (Foto por: Ingrid Aragão) |
Fui em casa, comi, voltei pro box e reiniciei o treino com a turma das
18h. As pessoas viam o machucado na minha testa e falavam Como você tem coragem? Você é doido?! Mas eu pensava: Eu posso, eu consigo. Fui com medo
mesmo, fazendo o exercício, lembrando que a limitação estava na mente, 3... 2...1...já!
Foi um gás fantástico pra fazer esse treino, fiz com tanto gosto que me deu uma
sensação de liberdade interior, de força, revigorou tudo, consegui!

Mas por que essas histórias? Para que contar isso? Porque, pra conseguir
chegar no que cada um toma como objetivo na vida, as dificuldades aparecem, a gente
cai, levanta, cai, levanta. As pessoas começam a puxar você pra baixo, umas por
egoísmo, ingenuamente ou não, outras por inveja mesmo, mas quando o seu
objetivo for realmente maior do que a preguiça, o comodismo, a autossabotagem,
que o ego, você consegue.
Isso funciona pra tudo na vida. Inclusive foi por causa dessa força que
me tornei músico também!
Hoje em dia me considero cada vez mais um atleta, essa foi a minha maior
conquista no campo da saúde. Levarei isso pro resto de minha vida, a
determinação, a vontade de superação, a motivação do atleta, que não depende de
ninguém, mas de si mesmo, de querer melhorar, de bater seus próprios recordes,
de se desenvolver. É uma automotivação. E porque não levar essa mesma garra,
essa mesma força para outros campos da vida? Porque não aprender tudo isso com
o esporte, com o Crossfit, e levar para as outras áreas de nossas vidas?
Como Alessander disse: “É, quem diria, aquele cara com pouca autoestima,
com medo de fazer exercício físico, com medo de se machucar hoje está aí
podendo compartilhar essa vitória.” E, seguindo a filosofia do Crossfit, escrevo
isso para compartilhar e ajudar as outras pessoas. Da mesma forma que fui
ajudado.
Essa foto à esquerda fazendo HSPU (Hand stand push up) em Xingó/SE é um marco. Ela
mostra superação de, voluntariamente, sozinho, fazer um exercício complexo, que
envolve equilíbrio, força, coragem, concentração. Guardarei essa foto com muito
carinho e que venham outros marcos de outras vitórias, de outras conquistas!
Obrigado a todos que fizeram e fazem parte dessa história direta ou
indiretamente. À natação, à Fisioform e ao Crossfitação!
“Você passou para uma atividade
muito mais complexa, que foi o Crossfit, em que realmente seu desempenho é de
atleta. Você se supera cada vez mais, então você é uma pessoa vitoriosa, que
passou por uma situação de obesidade, que a gente sabe que há aquela coisa que
a sociedade exclui. Não deveria ser. Se você fosse obeso e não acontecesse
nenhuma interferência dos indicadores de saúde, teoricamente não haveria
nenhuma questão, nenhum problema maior, mas a sociedade exclui quem não está no
padrão estético adequado. Mesmo assim eu acho que esse não foi o elemento
principal, o elemento principal foi a busca desse contexto de você provar pra
si mesmo que você poderia mudar essa realidade. Hoje você é um atleta do
Crossfit.”
(Mínero Júnior)
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No SUP (final de 2015) |
Obrigado ao meu Coach, Alessander, por ter me ajudado a relembrar coisas
para colocar aqui e, principalmente, por ter acreditado em mim, por ter abraçado
essa causa.
“Fico extremamente satisfeito,
gratificado, quando eu consigo ver uma
transformação de alguém como eu vi a sua. Fico gratificado de hoje conhecer
esse espírito e conseguir colocar no seu dia a dia essa filosofia de se superar
sempre, de fazer sempre o seu melhor, porque isso a gente leva pra vida. Poder
passar isso pra outras pessoas tem sido uma grande alegria e a filosofia do
Crossfit é isso, trazer pro treino diário das pessoas, pro dia a dia das
pessoas, o esporte, trazer a possibilidade de uma pessoa comum se tornar um
atleta sem precisar aparecer, sem precisar ser campeão no torneio, mas sendo
campeão da vida no dia a dia.”
(Alessander Leite)
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Box Jump (Foto por: Ingrid Aragão) |
Enfim, da mesma forma que Alessander me ajudou e ajuda tantas outras
pessoas, procuro sempre ajudar também. Esse é um dos motivos pelo qual lanço
esse texto, hoje (28.12.2015). No dia 22.12.2015, tenho
uma conversa com uma amiga, a Vivi. Venho sempre conversando com ela sobre esse
processo e fiquei muito feliz em saber que minha história pode ajudar outras
pessoas. Eis aqui a conversa:
Vivi: Ei, vc q entende mais de alimentação que
eu, classifique aí esse prato...
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Fase de aquecimento no CrossfitAção (Foto por: Ingrid Aragão) |
Igor: Não sou nutricionista, pra mim, pensando em emagrecer, eu só tiraria ou
diminuiria as batatas inglesas...
Igor: :D
Vivi: Vixe q você é rigoroso
Vivi: Eu nemmmm pedi sobremesa
Igor: kkkkkkkkkkkkkk
Igor: e vai pedir?
Igor: kkkkkkk
(2 horas depois ela responde)
Vivi: Não pedi. Lembrei de você falando da
parada do "dizer não pra si mesmo" e fui forte!
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Overhead Squat (Foto por: Ingrid Aragão) |
Essa foi minha escolha, foi meu caminho, espero que ajude vocês a
traçarem os seus e que sejam realmente felizes com as escolhas que fizerem!
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Deadlift (Levantamento terra) no
Crossfitação ( Foto por: Ingrid Aragão) |
* Nota (31/10/2016): Na época que escrevi, apenas Alessander era nosso coach, hoje em dia, Leyla também é nossa coach e eu tenho muito o que agradecer, minha eterna informante! (hahaha)
*Escrito por: Igor Côrtes
Parabéns! Que estória inspiradora....2016 vai ser um marco em minha vida. Posso contar com você?